quinta-feira, 10 de março de 2011

PEDESTAL DO CRISTO REDENTOR - ARTE ESQUECIDA



Localizado nas proximidades da Feira do produtor, setor aeroporto, em Luziânia, o pedestal tornou-se uma referência em arte pública no estado de Goiás, por se tratar de uma obra de arte realizada pelo renomado pintor D.J. de Oliveira (1932- 2005). O artista se valeu da técnica do afresco para confecção da grandiosa obra, hoje considerada patrimônio público dos moradores de Luziânia, além de constituir-se em peça de destaque para os visitantes e turistas que visitam a cidade. A técnica utilizada pelo pintor consiste na aplicação de uma camada de reboco, sobreposta a uma segunda camada sendo que antes da secagem da ultima adiciona-se pigmentos minerais que secarão juntamente com o reboco. Sulcos e incisões são aplicados sobre o contorno, para que cores da primeira camada, reforcem os aspectos do contorno, além da criação de sombras no sentido de que realcem as figuras dando-lhes o aspecto de volume. O pedestal, inaugurado no ano de 2002, apresenta as imagens dos santos que cingiram o imaginário coletivo dos cidadãos, expressando as devoções e crenças que compõem o universo religioso dos vários grupos que manifestam sua devoção à São Benedito, Santa Luzia, Nossa Senhora do Rosário, e a Virgem Maria. Escadarias laterais dão acesso a várias possibilidades de contato com a obra, de modo que o transeunte possa tocar o valioso trabalho de arte, e apreciar bem de perto o gesto, a cor, o rastro das pinceladas do artista, mesmo que foi colocada, ali uma corrente impossibilitando o toque na obra, corrente que não existe mais. Visitar esta obra é uma experiência por certo especial, pois dali se avista a amplidão do horizonte, ainda azul, como se almejássemos tocar o céu de Luziânia e fossemos abençoados pelo Cristo Redentor, um pré-moldado de concreto, que parece olhar a cidade de braços abertos. No entanto para a decepção dos moradores, das almas sensíveis e dos contempladores do universo, a obra se deteriora a cada dia. As figuras estão perdendo sua nitidez e cor, reduzindo-se a pó. Entra governo, sai o governo, continua o mesmo governo, e nenhuma ação de salvaguarda do nosso patrimônio artístico e cultural. Penso que o pedestal deve merecer a atenção e o cuidado dos gestores da cultura. A vida e a obra do grandioso artista D.J. de Oliveira não pode cair no esquecimento. A cidade que abraça o progresso e o desenvolvimento deve ser exemplo de valorização e proteção do acervo artístico, histórico e cultural que possui. Que salvem o nosso pedestal e que nos abençoe o nosso cristo redentor. (Por: José Álfio)