terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DIVISAS DO DIVINO ESPIRITO SANTO.


A Folia do Divino, manifestação secular da cultura de Luziânia, indicador da identidade de um povo, unindo gerações, na fé e devoção, na arte e na história, é bastante rica em elementos e símbolos que continuam encantando e emocionando os devotos do Divino. Aqui apresentaremos um breve resumo histórico de um pequeno acessório utilizado na folia, e que persiste em fazer parte da continuidade e preservação da tradição da folia de roça. A divisa (pequeno ornamento de tecido, geralmente de cetin, confeccionado artesanalmente, bordado, ou em desenho e pintura manual que se coloca na camisa do folião, no lado direito, ou esquerdo, quando se tratar de duas bandeiras, apresentando uma dimensão não mais que 5 cm por 8 cm) e serve para identificar quais são os foliões que girão na folia e também para os barraqueiros (donos dos pousos) saberem quem são os foliões, (geralmente homens do campo, fazendeiros, lavradores ligados a tradição cristã, e que matêem o costume secular de percorrer vários sítios levando a tradição da folia, em determinada época do ano). A divisa de peito tem uma grande diferença do lenço, pois constitui-se na verdadeira divisa. O lenço, seria somente um complemento ou até mesmo uma lembraça da folia. Os barraqueiros, integrantes da folia e público em geral conhecem os foliões pela divisa de peito e sabem que, quem está usando-a, tem uma obrigação na folia, que são resumidas nas seguintes funções: Guia, Contra – guia, ajudante de guia, Ajudante de contra guia, alfer, Procurador, Regente, Violonista, Caxeiro, Catireiros, Tropeiros. Tem folia que só divisa os foliões que tem obrigação com a divisa de peito e fornecem o lenço para aqueles que só acompanham a folia, assim indicam para os barraqueiros (donos dos posos) que só estão girando na folia e não tem obrigações (funções) ou estão apenas aprendendo algo na folia. Essa divisa de peito ou lenço varia de cor e modelo. A divisa de peito é confeccionada com fitas de cetim, ou de outras fitas, na cor da vestimenta do santo que a folia, por devoção for girar, ou seja percorrer várias localidades previamente definidas. Na folia do Divino, a divisa é vermelha e branca e o lenço vermelho. O lenço é sempre cortado em forma de um triângulo e ali vai estampado a pomba do Divino , os patrocinadores do lenço, o nome dos alferes e o ano que a folia saiu. Na divisa de peito não podem colocar o nome de patrocinadores, principalmente empresas ou politicos, dependendo do modelo coloca-se somente o ano que a folia vai girar. Na década de 80 só era divisados 12 foliões ou 24 se tiver duas bandeiras, que tinham obrigações (funções) e esses foliões não podiam dançar divisados, namorar, atirar com seus revolveres, etc. As mulheres não eram permitidas girar a folia, esta oportunidade se vinculava somente aos homens, consequentemente as mulheres não recebiam as divisas, e mesmo as casadas não tinhão permição de girar. As divisas são geralmente confeccionada por álguem ligado a folia, a esposa do dono da folia, parentes próximos, etc . Na década de 80 os foliões não ganhavam lenços timbrados confeccionados pelo processo da estamparia moderna, na técnica da impressão serigráfica, cada folião tinha o seu e girava varias folias com o mesmo lenço. Nos dias atuais aconteceram muitas mudanças nos festejos da folia, hoje, todos que girão na folia tendo ou não obrigação é divisado, com a divisa de peito e o lenço. Mulher é permitido girar folia divisada, e muitas já estão cumprindo obrigações (funções) como as acima citadas. Hoje não se usa mais tirar a divisa para dançar, para namorar. Hoje os lenços são feitos em gráficas, todos iguais, com o nome dos patrocinadores, e oferecidos pelo dono da folia a um grande número de pessoas. Cada folia faz seu lenço, com a data que a folia vai girar. Aqui está um pouca da hístoria da divisa.(por: Cleide Maria de Mendonça).

Folião José Galeno de Mendonça, devoto do Divino Espirito Santo, portando a Divisa. (foto: José Álfio)

DIVISAS EM EXPOSIÇÃO NA CASA DA CULTURA, SALA DOS FOLIÕES, LUZIÂNIA GO.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

FONTE OLHOS D'AGUA, PATRIMONIO NATURAL DE LUZIÂNIA, PODE DESAPARECER


SERVIÇO DE ATERRAMENTO E COLOCAÇÃO DE MANILHAS PARA ESCOAMENTO DAS AGUAS PLUVIAIS, A POUCOS METROS ACIMA DE OLHOS D'AGUA.

FONTE OLHOS D’AGUA, PATRIMÔNIO NATURAL DE LUZIÂNIA, PODE DESAPARECER.


Situada a poucos metros do entroncamento entre a Rua dos Mineiros e a antiga Rua do Anhanguera, hoje Avenida Central, extensão da rua Cel. Antônio Carneiro, centro de Luziânia. A fonte continua jorrando água pura e cristalina, bem no meio de uma mata, onde vicejam o verde da samambaia e as folhas da bananeira. O local é de dificil acesso, pois foi tomado por erosão e densa mata, entretanto, permanece no local, uma trilha tortuosa e escorregadia em direção a biquinha (nome dado pelos antigos moradores do lugar a pequena fonte). Um artigo assinado pelo historiador Gelmires Reis, descreve a Rua dos Mineiros e faz referência a fonte Olhos d’Agua, nos informando que: “Na praça esburcada pelo feitio de adobes, abaixo do rego que vem dos “Olhos d’Agua”, existia uma casa térrea, que pertenceu a Francisco Lopes Zedes. Foi demolida. Agostinho Cabrito construiu, no local, casa de telhas, terreo, de esteios roliços, em 18 de fevereiro de 1949.” Afonte foi um dos principais espaços de lazer e visitação pública, pois cumpria a função natural de fornecer aos moradores de Luziânia, concorrida sombra e água frêsca. O historiador Antônio João dos Reis (na foto), membro da Academia de Letras e Artes do Planalto, filho do saudoso historiador anteriormente citado, esteve na fonte e nos conta que foi uma experiência comovedora e ao mesmo tempo lamentável, pois, ali reviveu as doces lembranças de outrora “ Quando criança tomava banho naquele local”, e acrecenta que “as tubulações de águas pluviais não prosseguem” no que podem jorrar por sobre a fonte toda a sujeira, lixo e entulhos, advindos do esgoto pluvial construído recentemente no local, comprometendo a pureza e função natural da fonte na paisagem. Como nos mostra a foto, os serviços de aterramento e colocação de grossas manilhas a poucos metros acima da biquinha, resolveu o problema da erosão que ali se encontrava, porém, comprometeu o santuário ecológico da biquinha. Fazendo côro as considerações de nosso historiador, é preciso revitalizar a paisagem, através de um projeto de paisagismo sério, que recupere o lugar, transformando-o num polo de visitação, com iluminação pública, criação de passarelas, bancos, playgroud, trazendo de volta as pessoas ao espaço da biquinha, possibilitando o contato com a beleza de nossas paisagem. A cidade carece de arborização, a maioria dos espaços são transformados em estacionamentos e padecemos com o calor escaldante dos dias atuais, além da falta de lugares para o descanço, lazer e repouso. Autoridades municipais salvem a nossa biquinha, preservem a fonte Olhos d’Agua patrimônio naturtal de Santa Luzia, hoje grande Luziânia. (por: José Álfio)

sábado, 16 de janeiro de 2010

PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE LUZIÂNIA NO CASE (CENTRO DE APOIO SOCIO EDUCATIVO).


O Patrimônio Histórico de Luziânia foi tema de atividade pedagógica desenvolvida no Centro de Apoio Sócio Educativo de Luziânia. O evento ocorreu no dia 13 de novembro de 2009 às 13:30 horas, momento no qual foi apresentado aos familiares dos reeducandos, funcionários da instituição e visitantes em geral, uma exposição de produtos relacionados a história da cidade. A exposição compunha-se de vários trabalhos artísticos, desde a produção literária, poesias, textos ilustrados com recortes de revistas, artesanato em telhas de barro, maquete de casarões e pinturas em tela. Trabalhos em tela, do mestre D.J. de Oliveira, integrou a atividade e ganhou destaque na mostra do Case. Algumas obras, de inestimável valor artístico, pertencentes ao acervo da família do pintor, especialmente as naturezas mortas, pintadas em Luziânia, no seu casarão no rosário, e que constituindo-se na ultima fase de pintura do artista, oferecerão aos presentes na mostra, um contato com o refinamento técnico e o colorido magistral, característica fundamentais da pintura que o consagrou como o grande mestre da pintura em Goiás. Desenhos de casarões e monumentos coloniais da cidade, todos produzidos pelos alunos da disciplina de história do Case, se tornaram tema predominante da mostra, com destaque para Igreja do Rosário e alguns recortes dos painéis Três Bicas, genialmente reproduzidos pelos internos do Case. O projeto contou com apoio de várias instituições culturais da cidade, dentre elas a Casa da Cultura, a Associação Luzianiense de Artistas Plásticos e a Ong Proteger. A casa da Cultura contribuiu com fotografias históricas da paisagem colonial da cidade, além de textos sobre a história da antiga cidade de Santa luzia (hoje Luziânia), do arquivo Gilmires Reis. A ALUAPLA, Associação dos Artistas, colaborou com as oficinas de arte, ministrada pela artista plástica e servidora municipal Guiomar Leite. A Ong Proteger apresentou uma palestra sobre a origem e o destino da paisagem histórica da cidade, mostrando as contradições e as peculiaridades históricas da cidade, frente a implantação de novos materiais da modernidade e a nova problemática urbana. A palestra contou com a participação de um grupo de aproximadamente quarenta jovens, divididos em duas turmas de alunos da disciplina de história do CASE. A iniciativa da professora de história, Juliana Meireles e da Coordenadora Geral do Case, Bruna Facco de Mello, foram fundamentais para que o evento coroasse de êxito e sucesso, pois à temática da história e da arte despertaram a curiosidade dos alunos e aguçaram a sensibilidade dos participantes. Eles perceberam a riqueza de nossa história e de nossa arte frente a carência, no sistema de ensino, de conteúdos pedagógicos e curriculares, indicadores de informação sobre a história local. Arte e história da cidade aliaram-se como conteúdos pedagógicos para oferecer ao educando uma oportunidade de resocialização e construção de um novo imaginário, qual seja o desenvolvimento de habilidades artísticas e culturais tendo como eixo condutor de conhecimento, a própria história da cidade. História de um povo que caminha em patamares que sinalizam mais 269 anos de construção e progresso. Que estas iniciativas nos possibilitem um novo caminho de restauração da personalidade e da reconstrução da história e da formação de uma nova consciência urbana, qual seja a da valorização e preservação dos monumentos históricos e artísticos do nosso município. (por José Álfio)