RELOGIO QUEBRADO
APONTAMENTOS SOBRE O MUSEU DA ONG
No dia 28 de janeiro, de 2025, por
volta das 16:30 em visita ao Museu da Memória de Luziânia, Museu da Ong, cuja
direção é da minha competência e responsabilidade por força do Estatuto que
rege a entidade. Deparei com alguns objetos dependurados na parede, de forma
meio improvisada, ou seja, fora do lugar costumeiro. Acompanhado do nosso
colaborador, empreendedor que nos ajuda a cuidar do museu, nos informa, em
primeiro momento que ao proceder limpeza no local derrubou o relógio,
recolocando-o no lugar. Retirei a peça da parede verificando a ocorrência de
danificação no vidro e na moldura, em seguida retirando-o dali para avaliação
da estrutura danificada e serviço de restauração.
Constatou-se que na cidade, a mão de obra especializada em restauração e muito reduzida, quase inexistente, exceção ao meu amigo Marcos Restaurador, profissional gabaritado de grande experiência no ramo, porém, muito atarefado, e fora da cidade o valor é exorbitante, no sentido de que não se encontra peças para reposição e também profissionais especializados neste serviço. Comprar outro relógio, da mesma marca e modelo é impossível, pois não existe lojas que faz este tipo de troca, já que é uma peça histórica, pois tem uma origem e uma existência temporal, e considerada relíquia de valor inestimável para nosso Museu
Em
segundo momento, indagado sobre a circunstância da queda ou dano ao relógio,
nosso colaborador informa que não sabe o que aconteceu com o relógio pois não
viu o relógio caindo. A terceira hipótese se liga ao serviço de entrega de
materiais de construção para um projeto (PNAB) que será executado pela entidade
que mantem o Museu, e neste sentido os entregadores de materiais ao adentrarem
no Museu com canos de PVC descuidadamente e sem a intenção de danificar o
objeto esbarou os tubos na peça provocando danificações no relógio que estava
dependurado na parede. Considerando a precariedade do espaço, sede provisória,
e a falta de recursos para vigilância, especialmente câmeras de monitoramento,
restauro e manutenção do espaço, não há de que se pensar em reparação do dano?
A restauração será empreendida pelo Presidente da Ong-proteger Luziânia que
detém experiência no campo da restauração, com retorno da peça ao lugar de
destaque do Museu.
Um
sistema de câmeras torna-se necessário para a segurança das peças, garantindo a
proteção e vigilância do nosso acervo. Entretanto as autoridades locais não
despertaram ainda para valorização da importância do acervo que guardamos no
Museu, nos cobram taxas, Alvarás de funcionamento, de entidade sem fins
lucrativos, cuja visitação é gratuita a comunidade, principalmente grande
número de estudantes da Rede Pública de Ensino e sem apoio necessário ao seu
funcionamento. Por outro lado, é importante ressaltar a valiosa e pioneira
contribuição do nosso Prefeito Municipal em doar para Ong-proteger Luziânia uma
área para construção do Museu, pois encontra-se em andamento o serviço de
topografia e adequação da planta baixa, e assim poderemos construir um espaço
de arquitetura moderna e contemporânea, para abrigar o Museu, com sistema de
segurança, espaço para exposição do acervo, espaço para exposição de arte,
lançamento de livros, eventos culturais, biblioteca, e desta maneira fomentar o turismo e a
cultura, garantindo ao cidadão, o Museu que a cidade merece.
A
segurança, atualmente é garantida por colaboradores e voluntários que a
próprias custas garantem a sobrevivência da história e gratuidade das visitas
ao nosso Museu. O Museu está inscrito no IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus)
do Governo Federal, com certeza vamos articular projetos com vistas aos editais
do setor cultural para sanar estas lacunas no sentido de melhorar o nosso
espaço.
O relógio foi adquirido por volta do ano de
2005, quando da minha residência em Goiânia, período no qual trabalhava em
minha empresa de restauração e reciclagem de móveis, chamada Obra Prima, que
ficava na Avenida Assis Chateaubriand, no Setor Oeste, Imóvel do meu sogro Naim
Name, hoje propriedade do meu filho Nain Name Neto.
Naquele tempo recebi de presente esta peça de
grande importância a história dos objetos e do nosso Museu, além do relógio, um
casal de caninos da raça Fox Paulistinha, de nome Sacha e Gasparzinho. A doação
partiu de um amigo que morava próximo ao meu estabelecimento, por nome de Ivan,
da família Veiga Jardim, oriundos da cidade de Goiás Velho.
O relógio confeccionado em madeira escura, imbuia, com presença de molduras circulares, e vidro em duas câmaras, a maior que abriga o sistema de mecanismo do aparelho, ladeado, na parte externa, por aro circular de metal dourado, proteção dos números, em algarismos romanos, e a câmera menor, na parte inferior que abriga o pêndulo, nesta parte era servida por um vidro, de fina espessura com desenhos de florais elaborados na técnica do jateamento de areia, cujo destino desta peça não se sabe do paradeiro, talvez quebrado por vandalismo de visitantes ou roubado para finalidades desconhecidas. Nesta câmera, que abriga o pêndulo está fixado o rotulo circular, papel desgastado na cor preta com letras em dourados impresso o ano de 1885, data da sua patente, além dos termos: E. INGRAHAM COMPANY, CLOCK MANUFACTURES, Patented Sept 1, 1885 Directions For Regulating. O pêndulo, considerado peça mais preciosa do relógio, um trabalho da arte dos antigos ouriveis, que dominavam a técnica do bronze, elaborando os detalhes em florais, típicos do art noveau, disponíveis aos frequentadores, pesquisadores e amantes da arte antiga, e que compõe o acervo do nosso Museu. (Por: José Álfio)