quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

RELOGIO QUEBRADO

 RELOGIO QUEBRADO

APONTAMENTOS SOBRE O MUSEU DA ONG









           No dia 28 de janeiro, de 2025, por volta das 16:30 em visita ao Museu da Memória de Luziânia, Museu da Ong, cuja direção é da minha competência e responsabilidade por força do Estatuto que rege a entidade. Deparei com alguns objetos dependurados na parede, de forma meio improvisada, ou seja, fora do lugar costumeiro. Acompanhado do nosso colaborador, empreendedor que nos ajuda a cuidar do museu, nos informa, em primeiro momento que ao proceder limpeza no local derrubou o relógio, recolocando-o no lugar. Retirei a peça da parede verificando a ocorrência de danificação no vidro e na moldura, em seguida retirando-o dali para avaliação da estrutura danificada e serviço de restauração.

                Constatou-se que na cidade, a mão de obra especializada em restauração e muito reduzida, quase inexistente, exceção ao meu amigo Marcos Restaurador, profissional gabaritado de grande experiência no ramo, porém, muito atarefado, e fora da cidade o valor é exorbitante, no sentido de que não se encontra peças para reposição e também profissionais especializados neste serviço. Comprar outro relógio, da mesma marca e modelo é impossível, pois não existe lojas que faz este tipo de troca, já que é uma peça histórica, pois tem uma origem e uma existência temporal, e considerada relíquia de valor inestimável para nosso Museu

             
Em segundo momento, indagado sobre a circunstância da queda ou dano ao relógio, nosso colaborador informa que não sabe o que aconteceu com o relógio pois não viu o relógio caindo. A terceira hipótese se liga ao serviço de entrega de materiais de construção para um projeto (PNAB) que será executado pela entidade que mantem o Museu, e neste sentido os entregadores de materiais ao adentrarem no Museu com canos de PVC descuidadamente e sem a intenção de danificar o objeto esbarou os tubos na peça provocando danificações no relógio que estava dependurado na parede. Considerando a precariedade do espaço, sede provisória, e a falta de recursos para vigilância, especialmente câmeras de monitoramento, restauro e manutenção do espaço, não há de que se pensar em reparação do dano? A restauração será empreendida pelo Presidente da Ong-proteger Luziânia que detém experiência no campo da restauração, com retorno da peça ao lugar de destaque do Museu.


                Um sistema de câmeras torna-se necessário para a segurança das peças, garantindo a proteção e vigilância do nosso acervo. Entretanto as autoridades locais não despertaram ainda para valorização da importância do acervo que guardamos no Museu, nos cobram taxas, Alvarás de funcionamento, de entidade sem fins lucrativos, cuja visitação é gratuita a comunidade, principalmente grande número de estudantes da Rede Pública de Ensino e sem apoio necessário ao seu funcionamento. Por outro lado, é importante ressaltar a valiosa e pioneira contribuição do nosso Prefeito Municipal em doar para Ong-proteger Luziânia uma área para construção do Museu, pois encontra-se em andamento o serviço de topografia e adequação da planta baixa, e assim poderemos construir um espaço de arquitetura moderna e contemporânea, para abrigar o Museu, com sistema de segurança, espaço para exposição do acervo, espaço para exposição de arte, lançamento de livros, eventos culturais, biblioteca,  e desta maneira fomentar o turismo e a cultura, garantindo ao cidadão, o Museu que a cidade merece.

               A segurança, atualmente é garantida por colaboradores e voluntários que a próprias custas garantem a sobrevivência da história e gratuidade das visitas ao nosso Museu. O Museu está inscrito no IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) do Governo Federal, com certeza vamos articular projetos com vistas aos editais do setor cultural para sanar estas lacunas no sentido de melhorar o nosso espaço.

 O relógio foi adquirido por volta do ano de 2005, quando da minha residência em Goiânia, período no qual trabalhava em minha empresa de restauração e reciclagem de móveis, chamada Obra Prima, que ficava na Avenida Assis Chateaubriand, no Setor Oeste, Imóvel do meu sogro Naim Name, hoje propriedade do meu filho Nain Name Neto.

            Naquele tempo recebi de presente esta peça de grande importância a história dos objetos e do nosso Museu, além do relógio, um casal de caninos da raça Fox Paulistinha, de nome Sacha e Gasparzinho. A doação partiu de um amigo que morava próximo ao meu estabelecimento, por nome de Ivan, da família Veiga Jardim, oriundos da cidade de Goiás Velho.

             O relógio confeccionado em madeira escura, imbuia, com presença de molduras circulares, e vidro em duas câmaras, a maior que abriga o sistema de mecanismo do aparelho, ladeado, na parte externa, por aro circular de metal dourado,  proteção dos números, em algarismos romanos, e a câmera menor, na parte inferior que abriga o pêndulo, nesta parte era servida por um vidro, de fina espessura com desenhos de florais elaborados na técnica do jateamento de areia, cujo destino desta peça não se sabe do paradeiro, talvez quebrado por vandalismo de visitantes ou roubado para finalidades desconhecidas. Nesta câmera, que abriga o pêndulo está fixado o rotulo circular, papel desgastado na cor preta com letras em dourados impresso o ano de 1885, data da sua patente, além dos termos: E. INGRAHAM COMPANY, CLOCK MANUFACTURES, Patented Sept 1, 1885 Directions For Regulating. O pêndulo, considerado peça mais preciosa do relógio, um trabalho da arte dos antigos ouriveis, que dominavam a técnica do bronze, elaborando os detalhes em florais, típicos do art noveau, disponíveis aos frequentadores, pesquisadores e amantes da arte antiga, e que compõe o acervo do nosso Museu.   (Por: José Álfio)